O escritor Marcelo Rubens Paiva falou nesta terça-feira (18) sobre o sucesso do filme “Ainda Estou Aqui”, que conta a história de sua família. Durante entrevista ao programa Provoca, da TV Cultura, ele opinou sobre o motivo que levou o longa a atingir considerável alcance na indústria do cinema.
“Olha, eu acho que tenho algumas explicações. Primeiro que esse filme foi muito bem planejado, há 7 anos, quando o Waltinho [Walter Salles] me procurou, a gente conversou muito e eu estava em um momento muito ligado em Cinema”, disse ele.
Marcelo Rubens se lembrou da primeira conversa que teve com o diretor brasileiro sobre a produção do longa. “Eu falei para ele, ‘filmes sobre Ditadura no Brasil, geralmente são raivosos, sempre achei a maioria raivosa’”, declarou.
“Isso é uma história de uma família e vamos mostrar ao mundo que as grandes vítimas são as famílias. […] É uma família que está lá, vivendo seu momento de normalidade e funcionalidade com pai, mãe, filhos, escola, lazer, que de repente é interrompida por algo inexplicável. Uma violência absolutamente desproporcional com o meu pai”, acrescentou o escritor.
Autor do livro que inspirou o filme “Ainda Estou Aqui”, ele lamentou o fato de seu pai ter se tornado um dos casos de vítimas da ditadura militar no Brasil.
“O meu pai é um morto. Ele é um caso, um caso em que ninguém sabe pra onde foi e quando morreu. São apenas suspeitas, é um quebra-cabeça que a gente tenta juntar mas nunca consegue completar”, contou.
Marcelo Rubens acrescentou que ficou “em choque” quando viu a casa da família produzida para o filme, devido à similaridade com o lar real em que Rubens e Eunice Paiva viviam com os filhos, no Rio de Janeiro.
Em janeiro de 1971, militares levaram o ex-deputado Rubens Paiva, interpretado no filme por Selton Mello. Desde então, Eunice (Fernanda Torres) e os filhos tiveram que reconstruir suas vidas em meio à luta por justiça após o desaparecimento.
“Ainda Estou Aqui” se tornou o primeiro filme brasileiro a conquistar uma estatueta do Oscar, no início de março, ao vencer a categoria Melhor Filme Internacional.
Por que “Ainda Estou Aqui” fez história mesmo sem vencer Melhor Filme
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