Apresentar mais sintomas da menopausa pode estar associado a uma pior função cerebral e maior risco de demência ao longo do envelhecimento, segundo um novo estudo publicado na quarta-feira (5) na revista PLOS One. O trabalho acrescenta a descoberta a um crescente corpo de evidências que sugerem que a menopausa pode estar ligada ao envelhecimento do cérebro.
A pesquisa descobriu que quanto mais sintomas as mulheres relatavam durante a menopausa, maior era a probabilidade de elas apresentarem sinais de declínio cognitivo e problemas neuropsiquiátricos à medida que envelheciam. Os resultados foram obtidos por testes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas vivendo com Alzheimer e demências relacionadas deve aumentar para 152 milhões globalmente até 2050. As mulheres possuem três vezes mais probabilidade de desenvolver a doença em comparação aos homens, mas ainda não são totalmente conhecidos os fatores para esse maior risco.
“Mudanças na função cognitiva são parte do processo normal de envelhecimento e geralmente não são motivo de preocupação. No entanto, sabemos que a doença de Alzheimer começa muito antes do diagnóstico e identificar os primeiros fatores que influenciam sua progressão é crucial para ajudar as pessoas a acessar o melhor tratamento e suporte. Este estudo sugere que a fase da menopausa pode ser um período importante para avaliar o risco de demência”, afirma Anna Corbett, professora da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e líder do estudo, em comunicado.
No entanto, a pesquisa ressalta que o risco de demência envolve outros fatores diferentes. “É difícil saber neste estágio o quanto os sintomas da menopausa realmente afetam, e mais pesquisas são necessárias antes que possamos dizer com certeza se a gravidade da menopausa deve ser considerada um fator de risco importante. O que sabemos é que a melhor maneira de reduzir nosso risco de demência é permanecer fisicamente ativo, manter um peso saudável e controlar outras condições médicas”, afirma.
Como o estudo foi feito?
O estudo envolveu 896 mulheres na pós-menopausa e usou a Escala de Cognição Cotidiana (ECog-II) para medir a função cognitiva das participantes. A ferramenta avalia mudanças na memória, linguagem, habilidades visuais-espaciais e perceptivas, planejamento, organização e função executiva.
Além disso, os sintomas neuropsiquiátricos foram avaliados usando a Lista de Verificação de Comprometimento Comportamental Leve (MBI-C), que se concentra em sintomas neuropsiquiátricos (mudanças emocionais e comportamentais).
Os resultados do estudo mostraram que mulheres com mais sintomas de menopausa relataram pior função cognitiva e mais sintomas neuropsiquiátricos à medida que envelheciam. A terapia de reposição hormonal, frequentemente usada na menopausa, foi associada a menos sintomas neuropsiquiátricos na vida adulta, embora não parecesse ter o mesmo efeito na função cognitiva.
Embora mais pesquisas sejam necessárias para explorar completamente essas descobertas, o estudo levanta questões sobre como os sintomas da menopausa podem influenciar a saúde do cérebro.
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