Ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2016 e 2017, Paulo Rabello de Castro disse que a “crise” envolvendo a estatal remete a um país sem rumo.
“A crise do IBGE é própria de um país que perdeu o rumo”, afirmou Rabello em entrevista ao CNN 360º. “Nós estamos precisando de direção segura, de direção certa, que não temos tido”.
De acordo com Rabello, o desequilíbrio dentro do instituto tem como origem a falta de recursos. O ex-presidente também acredita que o tema deveria ser pautado no Congresso Nacional.
“Crise do IBGE é crônica por falta de recursos”, continua o antigo gestor. “Isso já deveria ser objeto, inclusive, de discussão dentro do Congresso Nacional e discutir um marco geral da estatística e da informação no Brasil, aproveitando para marcar as datas certas para os censos” adiciona, mencionando o atraso da divulgação dos dados pelo IBGE.
O ex-presidente também menciona o “desinteresse” do governo federal.
“O IBGE está sofrendo uma crise que é produzida pelo relativo desinteresse do núcleo central do governo em relação às geoestatísticas e às informações no país”, opina ele.
Sob responsabilidade do Ministério do Planejamento e do Orçamento, conduzido por Simone Tebet, o ex-diretor fez críticas à pasta.
“Normalmente, quando uma situação dessa acontece, há a interferência de uma instância superior, que seria o Ministério do Planejamento”, declara Rabello. “Ela já deveria ter interferido nesse aspecto”, conclui Rabello ao se referir a Tebet.
A CNN procurou a ministra Simone Tebet e aguarda retorno.
Em setembro passado, uma carta apócrifa com críticas à gestão Pochmann e um pedido de exoneração do presidente do IBGE chegou a circular entre servidores do instituto. Intitulado como “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, o documento apresenta o IBGE+ como pivô das insatisfações dos empregados.
Segundo a carta, trata-se de “uma entidade de apoio de direito privado, implementada sem qualquer diálogo com os trabalhadores”.
“Formalizada em sigilo por 11 meses e anunciada dois meses após sua oficialização em cartório, essa fundação gera dúvidas quanto a sua real finalidade e ao impacto que terá sobre a independência técnica e administrativa do instituto”, diz parte do texto.
Em janeiro deste ano, os diretores Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto pediram exoneração e deixaram os cargos devido ao descontentamento com a gestão de Pochmann.
Ainda em janeiro, foi divulgada uma carta – dessa vez assinada majoritariamente por diretores e gerentes de diversas áreas – que afirmaram que a condução do IBGE por Pochmann tem um “viés autoritário, político e midiático”, e que “sua gestão ameaça seriamente a missão institucional e os princípios orientadores do IBGE”.
Na avaliação dos servidores que assinaram a carta, a fundação foi criada sem diálogo com os funcionários do instituto.
Os funcionários pedem a paralisação dos trabalhos da fundação e afirmam que Pochmann “impõe a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros”.