O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta sexta-feira (6), que o Brasil não aceitará que tentem difamar a qualidade e segurança dos produtos agrícolas e pecuários brasileiros.
Lula deu a declaração durante discurso na Cúpula do Mercosul, em que participam os presidentes dos países do bloco e a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen.
“Nossa pujança agrícola e pecuária nos torna garantes da segurança alimentar de vários países do mundo, atendendo a rigorosos padrões sanitários e ambientais. Não aceitaremos que tentem difamar a reconhecida qualidade e segurança dos nossos produtos”, disse.
A fala de Lula é uma resposta ao CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Em novembro, o empresário pegou todos de surpresa ao anunciar que a rede deixaria de comercializar carnes de países do Mercosul e questionou a qualidade delas.
Em carta, Bompard disse que considerava o risco de repercussões negativas no mercado francês ao “comercializar um produto que não cumpra os requisitos e normas europeus”.
Nesta sexta-feira, foi anunciada a finalização das negociações do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE). Os blocos trabalham na construção do texto desde 1999.
O governo francês, porém, é o maior opositor ao acordo em razão da pressão dos produtores locais. Na quinta-feira (5), o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que a prévia do acordo era “inaceitável”.
O maior temor francês é que importações agrícolas mais baratas, vindas do Mercosul, prejudiquem o setor rural do país. A França é um dos maiores produtores da União Europeia, mas pode ser atrapalhada pelas grandes produções da América do Sul.
Cláusula Carrefour
Conforme mostrou a CNN, o acordo Mercosul-UE ganhou um mecanismo especial, que já tem sido chamado, nos bastidores, de “cláusula Carrefour”.
O Mecanismo de Reequilíbrio do Acordo, incluído no texto final, evita que medidas protecionistas aplicadas unilateralmente gerem desequilíbrios no tratado comercial. Ele se aplica primordialmente para a Lei Antidesmatamento da UE, que proíbe importações de produtos oriundos de áreas desmatadas (legal ou ilegalmente) depois de 2020.