Ainda na esteira das eleições do Congresso, o governo espera encaminhar as pautas da agenda econômica que aguardam votações dos congressistas. Além do orçamento, a reforma da renda – anunciada no final do ano passado – ainda está parada e depende da articulação governista.
Para destravar as medidas, o Planalto ainda precisa resolver o impasse envolvendo as emendas parlamentares. As verbas seguem parcialmente bloqueadas por determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal.
O relator da peça orçamentária, senador Angelo Coronel, já disse que só vai votar o projeto quando as emendas forem liberadas. Caso contrário, o Projeto de Lei Orçamentária fica na gaveta e os gastos do governo limitados.
Como resposta, Lula defendeu um acordo definitivo entre o Judiciário e o Legislativo e disse que pode alterar as regras sobre os pagamentos.
A declaração é uma mudança de postura. Ao longo do ano passado, o presidente criticou o que chamou de “sequestro” do orçamento federal.
Na agenda econômica, no entanto, Lula não parece ter mudado a abordagem. “Se depender de mim, não tem outra medida fiscal.”, afirmou o presidente em coletiva nesta quinta (30).
Nas projeções, o governo terá um ano mais difícil na economia. É previsto que o PIB cresça menos em 2025, além de contar com uma inflação acima do teto e uma política monetária mais restritiva.
A principal preocupação envolve os preços dos alimentos, que subiram mais de 7% em 2024 e devem seguir crescendo.
Para frear esse movimento, o próprio Planalto e a equipe econômica reconhecem que propostas mirabolantes estão fora de cogitação – tanto pelo desgaste com o mercado financeiro, quanto com o próprio Congresso.
Parlamentares do Centrão enxergam o governo exposto, com dificuldades para implementar suas medidas e no diálogo institucional. Como resposta, o governo observa a movimentação do grupo com a nova reforma ministerial na Esplanada.
O Centrão espera se ocupar de pastas importantes, de maior orçamento e relacionadas com a articulação política. Mas os congressistas entendem que o governo demora para realizar as mudanças esperadas. A percepção é que apenas as trocas nos ministérios não serão suficientes para garantir a estabilidade na condução das pautas.